Cavera

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Feras do Rock

sexta-feira, 3 de maio de 2013

UMA HISTORIA EDIFICANTE (O SENTIDO DA VIDA)



                     Era um rico fazendeiro que no pedestal da sua glória  financeira, não gostava de descer do seu pedestal nem que fosse em detrimento da sua própria família.
O tal fazendeiro, que possuía quatro filhos, mas que no seu orgulho resoluto e cruel, dizia que só tinha 3, pois a sua filha mulher para ele, é como se não existisse. Fala alto e em bom tom que os filhos dele eram apenas três, os homens, que os vivia exaltando e programando as suas vidas como se fosse parte integrante e indivisível das suas fazendas e propriedades. No seu machismo cruel a sua filha mulher não passava de um traste que mais cedo ou mais tarde haveria de ser descartado. Ato continuo, a menina já atingia doze anos e cansada de tanta humilhação, resolveu dar um basta nessas constantes humilhações e um dia, com o coração cheio de mágoa abordou seu velho pai, tentando demove-lo de tão absurdas ideias. Porem, o velho, senhor de si após escutar os argumentos da filha, acabou dizendo que aquela conversa já o estava atrapalhando, tinha muita coisa a fazer e não podia estar perdendo tempo com coisas inúteis e, se ela quisesse ir embora que podia ir que para ele  essa atitude não faria a menor diferença.

                    A menina cabisbaixa e triste, sentindo enorme amargura no cerne do seu ser, resolveu partir para o mundo e para a vida, levando apenas roupa do corpo e alguns pertences pessoais e nunca mais deu noticias, mas sempre acompanhou sua família a distancia, seguindo todos os fatos, passo a passo. Os três filhos “machos” como o próprio pai os definia, cresceram. Foram para a cidade grande, para as melhores escolas, cursaram as melhores universidades do País, mas para desdita do pai machista e cruel com o sexo feminino, acabou por desmoronar o seu tão sonhado império transformando-o em mero castelo de areia. Os seus filhos machos não foram nem a sombra daquilo que ele pensava e pretendia para eles. Embrenharam-se pelo caminho dos vícios e muitas vezes o pai tivera de contratar advogado para tirá-los da cadeia. As coisas foram piorando cada vez mais e numa velocidade impressionante. Os seus lucros foram diminuindo e os seus recursos minguando cada vez mais, chegando ao ponto de ter que anunciar a venda da própria fazenda que havia sustentado com tanto esmero, pensando somente na prosperidade dos seus três filhos.

                    Uma vez anunciada a venda da fazenda, não faltaram propostas, cada uma mais tentadora que a outra, porem havia uma que mais lhe chamou atenção. O rico e agora totalmente falido fazendeiro não tinha alternativa, senão aceitar a proposta através do representante do proponente comprador. Todavia, sua única exigência era de que, uma vez concluído o negocio, ele pudesse continuar na fazenda, mesmo que fosse como simples empregado. Aceita a exigência, eis que lhe aparece uma senhora de meia idade acompanhada de um menino de oito anos presumíveis que a segurava pela mão. O homem no seu instinto machista esbravejou chamando-a de secretaria e dizendo que não negociava com mulher e que voltasse em seguida e viesse acompanhada de seu patrão para que o negócio pudesse ser concluído. E, a senhora sem mais delongas, se apressou a dizer-lhe que era ela a compradora de sua fazenda. O orgulhoso fazendeiro ficou sem palavras e como não tinha outro jeito, logo foi dizendo: “dei-me cá esses papeis para que eu assine logo e acabe com essa agonia.”
A mulher passou-lhe os papeis e caneta e o homem cabisbaixo e humilhado começou a assiná-los. Feito isso, deu posse imediata a nova proprietária. Aquela mulher, penetrando no interior da casa, de incontáveis recordações, desmanchou-se a chorar. E o garoto vendo que sua mãe chorava correu para onde estava o velho fazendeiro, também se desmanchando em prantos.

O menino na sua inocência de criança foi logo perguntando ao velho, - o senhor está chorando?
                -Por que não acabamos logo com isso, pois minha mãe está lá dentro também se desmanchado em prantos!
               - O Senhor não me reconheceu? Eu sou a sua filha mulher que há 25 anos saiu por aquela porta e apesar do desprezo, nunca conseguiu esquecê-lo, pois mesmo de longe acompanhei todos os seus passos e esses papéis que o senhor assinou não é uma escritura de venda, mais sim uma escritura de posse da fazenda que volta a ser sua. E, não se preocupe comigo estou morando aqui próximo, numa fazenda que acabei de comprar. E, numa apoteose de satisfação e alegria, abraçaram-se os três: pai, filha e neto, pondo fim a uma história esdrúxula e indecente que aos nossos olhos e segundo o nosso modo de ver é quase impossível de realização.

Obs. - Esta é uma reprodução de um texto-poema, do qual não foi possível identificar o autor, devido ter apenas ouvido o seu recitar melódico.

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