Cavera

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Feras do Rock

segunda-feira, 16 de julho de 2012

A decandência de País sem seus Filhos


Ao encontrar explosivos na mochila do filho de 21 anos, o homem, desesperado, muniu-se de uma banana de dinamite, aplicou uma surra no rapaz e o denunciou à polícia. A atitude extrema desse pai, que colocou em risco a própria vida, a do filho e de todos os presentes
no imóvel, dá uma mostra do quadro dramático em que vivem milhares de famílias que se tornaram impotentes para cuidar e encaminhar seus filhos. A preocupação com o encaminhamento das crianças é antiga. O próprio Pelé, ao comemorar seu milésimo gol, em dezembro de 1969, já advertia que era preciso fazer algo pelas crianças brasileiras. "Pensem no Natal, pensem nas criancinhas."Nas últimas quatro ou cinco décadas, vimos o Brasil sair do patamar de País eminentemente agrícola para o de uma avançada e hoje globalizada sociedade
industrial. Mas, lamentavelmente, os avanços não foram capazes de contemplar o povo que, apesar da tecnologia disponível, a ela não tem acesso. O País ainda não equacionou a mudança do perfil da população rural para a urbana, e o povo sofre. As famílias vivem o drama de não terem como bem encaminhar seus filhos pois até a autoridade, muitas vezes excessiva no passado, lhe foi tirada pelos equivocados métodos modernos. O mercado de trabalho, que todos um dia terão de enfrentar, é cada dia mais exigente e a escola revela-se menos preparadora. As amarras estabelecidas pelo Estatuto da Criança e do Adolescente, como a eliminação do trabalho infantil e juvenil, não cumprem o ciclo na medida em que a sociedade não
oferece oportunidade de ensino e qualificação a todos. Aí, no vácuo da oportunidade, surgem esquemas criminosos, que cooptam e escravizam jovens e suas famílias. O encaminhamento e a oportunidade para os jovens, talvez, seja o maior desafio do Brasil contemporâneo. Tudo aquilo que não foi feito a partir do alerta do rei do futebol está fazendo muita falta. Os governantes,
as entidades da sociedade civil e todas as cabeças pensantes deste País precisam, sem perda de tempo, se mobilizar em busca da solução para esse grande problema. Em vez da repressão policial, das internações e medidas punitivas, é preciso pensar naqueles que ainda não caíram na degradação e salvá-los para, junto com eles, salvar o futuro do próprio País.


Dirceu Cardoso Gonçalves é dirigente da Associação de Assistência
Social dos Policiais Militares de São Paulo

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