Pedro Brandt
Crachás do acervo do diretor teatral Rob Roth: maior parte dos itens é de 1970 a 1990
A mística do rock foi construída com sons e imagens. Esta percepção de que o rock é mais do que música ganhou força em meados da década de 1960 (com capas de discos mais ousadas) e, nos anos seguintes, entraria em uma nova era, na qual o marketing por trás dos principais grupos musicais criaria uma infinidade de objetos de divulgação.
O diretor teatral nova-iorquino Rob Roth viveu intensamente esse momento. Adolescente no início da década de 1970, ele começou a colecionar esses itens (chama-os de “coisas incríveis do rock”). “Fui apresentado ao material promocional por cortesia de uma loja de departamentos, a E.J. Korvettes, que colocava anúncios de página inteira no New York Times de domingo para divulgar o lançamento de álbuns novos durante a semana (à venda por US$ 3,99!). Empolgado com a arte dos álbuns, comecei a colecionar esses anúncios, pregando-os nas paredes do meu quarto”, lembra Roth no prefácio de A arte do rock, livro que reúne parte considerável de sua coleção.
Organizado pelo historiador Paul Grushkin, o título ganhou edição americana e inglesa há um ano e chegou recentemente às prateleiras das livrarias brasileiras em versão nacional. Do gigantesco acervo de Rob Roth, Grushkin se concentra nas bandas e cantores preferidas do diretor teatral: Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, Led Zeppelin, Queen, David Bowie, Elton John e Alice Cooper. “Quando vi a coleção de Rob pela primeira vez, fiquei impressionado. Ele teve que reformar seu apartamento no Upper East Side só para acomodá-la. Ele tinha coisas minhas que eu nunca vira. E estavam todas em perfeitas condições. Obsessivo? Rob? Pois sim!”, escreve Cooper no prefácio do livro.
No texto de introdução, Grushkin comenta como o rock foi deixando de lado seu idealismo e anticonformismo. “Com a entrada da nova década, o impacto de uma banda de rock era cada vez mais medido pela venda de álbuns e de ingressos para os shows, e muito menos por sua habilidade de mudar algo ou ‘fazer a diferença’. O apelo de massa era um jogo de números. Os anúncios em rádios e jornais substituíram os cartazes da década de 1960, relegados a um papel secundário, de apoio. Tratava-se do que mais iria impressionar um fã nas lojas, o que o fã tentaria agarrar ao ver um anúncio de página inteira de um show. E a arte da capa do álbum — lembre, já existiu ‘arte da capa do álbum’ — agora, mais do que nunca, imperava tanto nas lojas quanto no universo dos shows.”
Curiosidades
Nos oito capítulos em que o livro está dividido, Paul Grushkin conta a histórias dos artistas e das artes que acompanharam suas carreiras com depoimentos de vários dos designers envolvidos. Os textos estão repletos de curiosidades. A cozinheira que preparou o bolo da capa de Let it bleed, disco de 1969 dos Stones, foi Delia Smith, hoje uma conhecida apresentadora da televisão inglesa. O porco inflável fotografado na capa de Animals, LP do Pink Floyd lançado em 1977, causou muita confusão. Quando o “bicho” se soltou, passou a ser considerado um risco aéreo, sendo até perseguido por um helicóptero da polícia. O prédio fotografado para a capa de Physical graffiti (1975), álbum do Led Zeppelin, é o mesmo usado como locação para o videoclipe da música Waiting on a friend, faixa de Tattoo you (1981).
A arte do rock apresenta material das décadas de 1970, 1980 e 1990 (em alguns casos, também dos anos 1960 e 2000). A maioria deles são cartazes de shows, anúncios de jornal e revista, displays colocados em lojas e crachás de acessos aos bastidores. Alguns objetos mais raros chamam a atenção. Caso da peruca usada para divulgar o disco Some girls (1978), dos Rolling Stones. O objeto misterioso que aparece na capa do álbum Presence (1976), do Led Zeppelin, foi comercializado na época. Foram feitas mil unidades. Uma delas, claro, está na coleção de Rod Roth.
Em formato table book, com capa dura e papel couchê, A arte do rock é um livro que impressiona, acima de tudo, pela quantidade de imagens. Ainda que nem tudo seja tão interessante de olhar, é fácil entender o fascínio visual que capturou a imaginação de Rob Roth.
Dados:Correio Brasiliense
Crachás do acervo do diretor teatral Rob Roth: maior parte dos itens é de 1970 a 1990
A mística do rock foi construída com sons e imagens. Esta percepção de que o rock é mais do que música ganhou força em meados da década de 1960 (com capas de discos mais ousadas) e, nos anos seguintes, entraria em uma nova era, na qual o marketing por trás dos principais grupos musicais criaria uma infinidade de objetos de divulgação.
O diretor teatral nova-iorquino Rob Roth viveu intensamente esse momento. Adolescente no início da década de 1970, ele começou a colecionar esses itens (chama-os de “coisas incríveis do rock”). “Fui apresentado ao material promocional por cortesia de uma loja de departamentos, a E.J. Korvettes, que colocava anúncios de página inteira no New York Times de domingo para divulgar o lançamento de álbuns novos durante a semana (à venda por US$ 3,99!). Empolgado com a arte dos álbuns, comecei a colecionar esses anúncios, pregando-os nas paredes do meu quarto”, lembra Roth no prefácio de A arte do rock, livro que reúne parte considerável de sua coleção.
Organizado pelo historiador Paul Grushkin, o título ganhou edição americana e inglesa há um ano e chegou recentemente às prateleiras das livrarias brasileiras em versão nacional. Do gigantesco acervo de Rob Roth, Grushkin se concentra nas bandas e cantores preferidas do diretor teatral: Rolling Stones, The Who, Pink Floyd, Led Zeppelin, Queen, David Bowie, Elton John e Alice Cooper. “Quando vi a coleção de Rob pela primeira vez, fiquei impressionado. Ele teve que reformar seu apartamento no Upper East Side só para acomodá-la. Ele tinha coisas minhas que eu nunca vira. E estavam todas em perfeitas condições. Obsessivo? Rob? Pois sim!”, escreve Cooper no prefácio do livro.
No texto de introdução, Grushkin comenta como o rock foi deixando de lado seu idealismo e anticonformismo. “Com a entrada da nova década, o impacto de uma banda de rock era cada vez mais medido pela venda de álbuns e de ingressos para os shows, e muito menos por sua habilidade de mudar algo ou ‘fazer a diferença’. O apelo de massa era um jogo de números. Os anúncios em rádios e jornais substituíram os cartazes da década de 1960, relegados a um papel secundário, de apoio. Tratava-se do que mais iria impressionar um fã nas lojas, o que o fã tentaria agarrar ao ver um anúncio de página inteira de um show. E a arte da capa do álbum — lembre, já existiu ‘arte da capa do álbum’ — agora, mais do que nunca, imperava tanto nas lojas quanto no universo dos shows.”
Curiosidades
Nos oito capítulos em que o livro está dividido, Paul Grushkin conta a histórias dos artistas e das artes que acompanharam suas carreiras com depoimentos de vários dos designers envolvidos. Os textos estão repletos de curiosidades. A cozinheira que preparou o bolo da capa de Let it bleed, disco de 1969 dos Stones, foi Delia Smith, hoje uma conhecida apresentadora da televisão inglesa. O porco inflável fotografado na capa de Animals, LP do Pink Floyd lançado em 1977, causou muita confusão. Quando o “bicho” se soltou, passou a ser considerado um risco aéreo, sendo até perseguido por um helicóptero da polícia. O prédio fotografado para a capa de Physical graffiti (1975), álbum do Led Zeppelin, é o mesmo usado como locação para o videoclipe da música Waiting on a friend, faixa de Tattoo you (1981).
A arte do rock apresenta material das décadas de 1970, 1980 e 1990 (em alguns casos, também dos anos 1960 e 2000). A maioria deles são cartazes de shows, anúncios de jornal e revista, displays colocados em lojas e crachás de acessos aos bastidores. Alguns objetos mais raros chamam a atenção. Caso da peruca usada para divulgar o disco Some girls (1978), dos Rolling Stones. O objeto misterioso que aparece na capa do álbum Presence (1976), do Led Zeppelin, foi comercializado na época. Foram feitas mil unidades. Uma delas, claro, está na coleção de Rod Roth.
Em formato table book, com capa dura e papel couchê, A arte do rock é um livro que impressiona, acima de tudo, pela quantidade de imagens. Ainda que nem tudo seja tão interessante de olhar, é fácil entender o fascínio visual que capturou a imaginação de Rob Roth.
Dados:Correio Brasiliense
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