13 de julho, Dia Mundial do Rock. Motivos para a comemoração nunca saberemos , mas a popularidade do estilo que nasceu na década de 1950 como uma simples moda em festinhas da época adolescentes hoje é apreciado nos mais diversos âmbitos sociais e intelectuais.Apesar de desde os anos 60 haverem fãs de bandas como Beatles, Rolling Stones e de brasileiros como Mutantes, Raul Seixas e Rita Lee, foram com festivais como Verde Vale (Americana), Geléia com Mel (Sumaré) e Fest Rock (Nova Odessa) que iniciou-se uma mudança para a maior popularização do estilo.
"O cabelo longo e dizer que gostava de Pink Floyd ou de Led Zeppelin provocava altos avorosos entre grupos", lembra o piauiense Neolando que viveu toda a mudança do rock em estilo renegado a queridinho da mídia.
Esta mesma época, inspirados em eventos como o Woodstock (Estados Unidos) que jovens músicos e fãs criaram aqui eventos que celebravam o rock e a liberdade. "Aqui não só não tinha um festival de rock como não tinha festival de nada", relembra Marcel Barbosa, um dos criadores do Festival Verde Vale, em Americana, que teve sua primeira edição em 1979. O evento começou em escolas do município, mas na virada para a década de 80 passou a acontecer na Praça do Rotary, onde se popularizou e chegou a receber até 3 mil em sua edição de 1986, quando o Verde Vale foi fechado pela banda paulistana de Rock progressivo Violeta de Outono. "Apesar de chamarem de festival de rock, tínhamos de tudo: chorinho, MPB, samba. Mas a essência era rock and roll", lembra Marcel.
A falta de apoio, tanto da iniciativa privada quanto do Poder Público fez o Verde Vale ir minguando até acabar de vez nos últimos anos da década de 80."Já faz alguns anos estamos falando em reeditá-lo. Acho que Americana está precisando de um festival como aquele", ressaltou Marcel.
Se antes trazer uma banda como a Violeta de Outono era um trabalho de grandes proporções, hoje a velocidade de informações torna todo o processo bem mais fácil. Um exemplo é o fato de no próximo dia 23 a banda australiana Jarrah Thompson estar se apresentando no Clube do Vinil, de Americana. "A internet facilitou muita coisa. Os contatos podem ser feitos com os agentes das bandas ou mesmo com os integrantes", contou Telma Candido.
Em agosto, Sumaré realiza a 14ª do Geléia com Mel, que após ficar anos sem acontecer, voltou em a ser editado com o apoio do poder público. "Estamos negociando com uma banda de destaque no cenário nacional para fechar essa edição", avisou João Gaspar, Secretaria de Cultura e Turismo de Sumaré.
Enquanto bandas de médio porte dizem alô para o público do interior de São Paulo, grupos da região mesmo quase ignorados aqui conseguem público em outras regiões do Brasil. Um exemplo são os americanenses do Rusty Machine, que colecionam fãs por todo o País, já tendo até tocado em locais como o Circo Voador, templo do rock dos anos 80 na cidade do Rio de Janeiro.
"Sites como o My Space e os vários blogs de amigos criaram uma grande rede de informação que dispensa a grande mídia, já viciada em jabás e música sem preocupações de qualidade", destacou Dinei, vocalista do grupo.
Outra formação que também goza de bom prestígio no chamado underground nacional é o Maguerbes, também de Americana. O grupo já tocou em palcos onde já brilharam heróis do rock como Mudhoney e integrantes de bandas históricas como The Smiths e Ramones. O esquema de divulgação da banda também passa longe da mídia de grande alcance, o que não impede em nada o acúmulo de fãs pelo País.
A situação é bem diferente de, por exemplo, 20 anos atrás, quando as gravadoras acumulavam ganhos e as bandas brigavam por pequenas bordas de atenção em rádios, programas de TV ou mesmo palcos de pequenas cidades. "Todo som que fugia dos padrões mais comerciais tinha público limitado, apesar desse mesmo público ser bem fiel", lembrou Marcos Leite, que desde 1986 promove apresentações de bandas em Americana. Ele foi o responsável por grandes nomes do rock.